Dez anos é muito tempo. Em uma década tudo muda. O mundo que
vemos hoje não é aquele que conhecemos em 2003. Talvez David Bowie tenha apenas
nos dado uma chance de alcançá-lo. ”Vai lá mundo, te dou uma década de vantagem.”
Mesmo assim, parece que nem saímos do lugar. O homem que caiu na Terra nos
mostrou que continua muito na nossa frente.
![]() |
Tiozão caminhando pelas ruas de New York |
O disco, lançado em 08 de março, por vezes remete à Berlim. Inclusive na piada da capa. Apesar disso, exibe um frescor inebriante.
![]() | ||||||
O elenco de "the next day" |
Os sopros e guitarras sujas de “Dirty boys” nos transportam
a um pub mal afamado, ou talvez a um cabaré de reputação duvidosa.
![]() |
As estrelas de "Stars are out tonight" |
“Love is lost” é sobre erros e falta de esperança.

![]() |
Bowie a esquerda e Tilda a direita...Oh wait... |
"Valentine´s Day" tem uma cara mais pop, mais inocente. É até meio melosa. Mas quem vê cara não vê coração. A música fala sobre um atirador em uma escola.
O ritmo alucinado, frenético, de “If you can see me”, aliado
aos bizarros efeitos de voz, trazem a tona a veia paranóica de Bowie. Não dá
pra fugir, você está sempre na mira de alguém. Quase posso ouvir os versos da
música saírem da boca de John Hurt em 1984. Aliás, uma fixação de Bowie
pré-Berlim, vide Diamond dogs (Lembrei também do Trent Reznor perseguindo Bowie no
clipe de “I´m afraid of americans”, de 1995).
Uma série de referências enigmáticas permeia “I´d rather behigh”, que fala sobre um soldado na segunda guerra. Começando por Nabokov, autor do célebre romance “Lolita”(ele morou em Berlim na década de 20, huum), passando por uma comparação entre generais desenvolvendo estratégias para a guerra e madames dissecando as futilidades do dia. Há também o jovem soldado lamentando que preferia estar morto do que treinando pontaria nos homens do deserto.

“Boss of me”é uma canção de amor bem no estilo Bowie. Tem um pouco de narcisismo, um quê de obsessão, uma pitada de melancolia.
“Dancing out in space” é outra música com uma pegada bem
pop. Pelo menos para os padrões de David Bowie. “Quase uma religião, dançar de
rosto colado/quase um afogamento, dançar solto no espaço”. Pop. Pero no mucho.
Ao tratar do silêncio, ele cita Georges Rodenbach, poeta e escritor belga(seu
pai era alemão), autor de uma obra chamada “Le règne du silence”(O reino do
silêncio).
“How does the grass grown” nos situa em um cenário gótico-clubber.
“Há um cemitério perto da estação, onde as garotas usam saias de nylon...”
Destaque nessa faixa para o trabalho vocal. A última parte não parece ser
cantada pela mesma pessoa.
A guitarra rasgante cheia de fuzz da introdução de “(You will) set the world on fire” contrasta com o refrão dançante. Os clubbers góticos da faixa anterior remexer-se-iam freneticamente nesse momento.

Mas o clima fica pesado mesmo em “Heat”, extremamente
pesado. Dúvidas, desilusões, destino. A tragédia é iminente quando o amor não
subsiste por si, mas apenas como negação do ódio.
Se você tiver acesso à versão Deluxe do álbum, vai ouvir na
sequência a faixa bônus “So she”. Melancólica, mas esperançosa. Não deixa de
ser uma pequena canção de amor.
A vinheta instrumental
“Plan” foi usada como introdução no videoclipe de “Stars are out
tonight”, e finalmente, “I´ll Take you there”, mais animada, mas cheia de
dúvidas sobre o futuro.
Em uma semana o álbum se tornou o mais vendido do Reino
Unido. Tony Visconti afirma que 29 músicas chegaram a ser gravadas, o que daria
material suficiente para outro disco. Quanto à turnê, o futuro ainda é incerto.
Segundo Visconti, e o guitarrista Earl Slick, Bowie afirma contundentemente que
não fará shows, mas as vezes, durante as gravações, comentava como as canções
ficariam legais ao vivo. Meus dedos já estão cruzados.
Site oficial: www.davidbowie.com
Site oficial: www.davidbowie.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário