domingo, 13 de maio de 2012

You can fly with me, in my High Flying Birds




Noel Gallagher esteve no Brasil no início deste mês, pela primeira vez divulgando seu trabalho solo. Tive a oportunidade de ver o primeiro show, dia 02 de maio no Espaço das Américas, em São Paulo. No gargarejo.
Em primeiro lugar deve se destacar a (desculpem o trocadalho) pontualidade britânica de Noel. O show estava marcado para as 22:00. Exatamente às 21:55, começamos a ouvir no P.A. da casa a faixa Shoot a Hole Into the Sun, lado B do mais recente Single, Dream On. Esta é uma faixa experimental, que contém samples de outra música de Noel, o single anterior, If I Had a Gun.  Aliás é uma ótima sacada dele samplear a si próprio. Consegue bancar o “muderno”, sem se preocupar com os direitos autorais. Ao término da música, exatamente às dez horas da noite, Noel subiu ao palco com sua nova banda, intitulada Noel Gallagher´s High Flying Birds.
Noel tem uma certa preferência por lados B e músicas obscuras. Tanto é assim que o show propriamente dito começa com duas músicas menos conhecidas do Oasis, (It´s Good) To Be Free e Mucky Fingers. A primeira foi lado B do single de Whatever, de 1995, e a segunda esteve presente no álbum Don´t Believe the Truth, de 2005. Em seguida ele começa a apresentar o trabalho solo, com a canção Everybody´s On the Run, faixa de abertura de seu álbum. Depois tocou Dream On, cujo videoclip eu já apresentei a vocês recentemente. Na sequencia veio a canção mais bonita dos High Flying birds até agora, If I Had a Gun (confira também o videoclipe), seguida por Good Rebel, lado B do single de The Death Of You and Me, e depois a própria The Death of You and Me, que foi escolhida como primeiro single dessa empreitada. A música seguinte, Freaky Teeth, não foi lançada oficialmente e está concorrendo para ser a trilha sonora do próximo filme de James Bond.
Chegando ao meio do show, Noel toca um dos maiores sucessos do Oasis, Supersonic, que estava no primeiro álbum da banda, Definitely Maybe, e foi seu primeiro single em 1994. Assim como já havia feito em outras ocasiões com Don´t Look Back In Anger, Noel tocou a música de forma acústica, com seu violão na base e o teclado fazendo as partes da guitarra solo. Ficou totalmente diferente e bastante intimista. Só pra lembrar, a versão original de Supersonic tinha toda aquela cara de Rock de Arena, funcionava muito bem em estádios. E agora ela serve aos propósitos de Noel de realizar shows menores e fazer com que o público sinta-se mais próximo dele. Continua funcionando perfeitamente bem. Preciso dizer que o público a cantou (e a maioria das outras músicas) em uníssono?
 Depois disso Noel volta ao seu repertório, com a bela canção (I Wanna Live In a Dream In My)Record Machine, sem fazer a inserção de Stop The Clocks que aparece na gravação do disco. Depois vem Aka... What a Life, segundo single, e a apresentação da banda, que devo dizer, é bem peculiar. Temos um tecladista, Mike Rowe, que se sacode todo como se fosse um DJ arrepiando nas pick-ups. Um baterista, Jeremy Stacey, que parece ter saído do filme Laranja Mecânica. Um guitarrista, Tim Smith, que parece com um professor de matemática de segundo grau (ensino médio para os mais moços). E um baixista, Russell Pritchard, que parece com um baixista normal de banda de rock.
A seguir, mais uma do Oasis, Talk Tonight, uma linda balada que foi, adivinhem, lado B do primeiro single do Oasis a atingir o topo da parada britânica, em 1995. Uma música solo para continuar, Soldier Boys and Jesus Freaks, e depois a música que, em minha opinião, é o trabalho solo em que Noel mais se distanciou do Oasis, a sacolejante Aka... Broken Arrow, que Noel dedicou "for all the ladies". A bunitinha Half the World Away, também do single de Whatever (mais um) foi seguida por (StrandedOn) The Wrong Beach e fim da primeira parte.
Para o bis tivemos uma surpresa. Noel é conhecido por dificilmente variar seu repertório. Desde os tempos de Oasis vemos que os sets têm raras alterações entre o início e o fim de uma turnê. Noel Gallagher é um baita de um preguiçoso. Em shows anteriores Noel começava o bis com Whatever e depois tocava The Importance of Being Idle (ops, essa música fala sobre preguiça), ambas do Oasis. Em São Paulo, tivemos o privilégio de ver e ouvir a primeira apresentação ao vivo de Let The Lord Shine a Light On Me, lado B do single de Aka... What a Life, abrindo o bis, e deixando The Importance de lado. Depois Noel foi só Oasis. Tocou Whatever, o hit Little by Little, do disco Heathen Chemistry, de 2002 e fechou o show com uma magnífica interpretação de Don´t Look Back In Anger, grande sucesso do disco (What´s The Story) Morning Glory?, de 1995.
Depois de uma hora e meia, fomos pra casa (ainda deu pra pegar o metrô, u-hu), com sorrisos nos rostos e uma sopinha quente nos esperando. Foi um show ótimo, cujo único defeito foi não ser maior. Repertório pra isso o Noel tem, afinal quase todas as músicas do Oasis são dele. Do seu novo arsenal faltaram três músicas. A lendária Stop the Clocks, última faixa do disco, A Simple Game of Genius, faixa bônus da versão de luxo do disco, e I´d Pick You Every Time, lado B do single de If I Had A Gun. Velho ele não está. Tem aquele garoto de Liverpool, um tal de Paul que anda fazendo shows de quase três horas (ele completa setenta anos em 18 de junho deste ano, enquanto Noel tem só 44). Mas... acho que eu já disse que Noel é um puta dum preguiçoso. 


Site oficial: http://www.noelgallagher.com
Todos os vídeos foram retirados do Youtube, de diversos usuários diferentes.
As fotos foram tiradas por mim e pela minha esposa.

Nenhum comentário: