terça-feira, 10 de abril de 2012

"The Boss" voltou, quebrando tudo...





Bruce Springsteen, The Boss,  acaba de lançar seu mais novo álbum, WreckingBall. O décimo sétimo de estúdio. Estreou em primeiro lugar nas principais paradas ao redor do mundo, incluindo a inglesa e a americana. Sonoramente apresenta influências de folk elétrico a la Dylan, country, blues, spiritual, música celta e acho que ouvi alguma coisa mexicana também. Ideologicamente, o patrão está com a língua afiada como sempre, talvez mais do que nunca. É punk até o último fio de cabelo. Passada a euforia da eleição de Barack Obama, os estadunidenses estão acordando para uma realidade perversa. E Bruce não mede palavras para descrever a recessão que atinge o país. Começando pela faixa de abertura do disco, We Take Care Of Our Own. Esta é talvez a Born In The USA do nosso tempo.  É o tipo de música que justifica duas das frases que se diz sobre o patrão. Que ele é o mais americano de todos os cantores americanos, e também que ele sempre diz a coisa certa na hora certa. Se em 2009 seu álbum se chamava Working In a Dream(Trabalhando em um sonho), agora parece que ele acordou de um pesadelo, e com ressaca.



Easy Money e Shackled And Drawn são dois belos blues spirituals. Tem corais e backing vocals gospels e uma rabeca tocando.
Punk até o caroço
O personagem título da triste canção Jack Of All Trades é um cara sem profissão definida, que faz de tudo um pouco, vivendo de bicos para sobreviver, já que não consegue(não existe) emprego. Um personagem que prolifera durante a recessão econômica. É a luta diária pela sobrevivência numa terra de economia incerta. Estranho pensarmos que os arrogantes estadunidenses também passem por isso. Apesar de triste é uma canção cheia de esperança. “There’s a new world coming, I can see the light / I’m a jack of all trades, we’ll be all right” . destaque para o solo de guitarra do final.

A faixa Death To My Hometown tem uma cara mais alegre, de música celta.  Mas a letra é mais tensa do que a da faixa anterior. Ela fala sobre a guerra. Sobre como a guerra foi trazida ao seu lar, provocando morte e destruição.  Na verdade ele se põe na pele dos povos invadidos pelos estadunidenses, como Afeganistão e Iraque. O videoclipe traz a participação de Tom Morello, do Rage Against The Machine e Audioslave.
Bruce e a E street Band
This Depression, como o próprio nome já adianta, fala sobre depressão. Nessa faixa Bruce diz que já esteve pra baixo, mas nunca desse jeito. Já esteve triste e deprimido, mas não como desta vez. A faixa título, Wrecking Ball, é um desafio. Se acha que pode nos enfrentar, então de o melhor de si e traga sua bola de demolição, mas lembre-se que os tempos difíceis vão e vem.

 You´ve Got It é uma boa canção pop, com letra misteriosa e provocativa. Já em Rocky Ground, através de referências bíblicas, Springsteen conclama seus compatriotas e se reerguerem e superar este momento difícil.

Os quase sete minutos de Land Of Hope And Dreams tentam convencer que toda a escuridão passará e nos encontraremos numa terra repleta de esperança e sonhos. A mesma esperança e os mesmos sonhos que impulsionam a todos nós através de nossa jornada. Sinto falta nessa canção da percepção que a jornada talvez seja mais satisfatória do que o destino.

We Are Alive, uma canção country, com toques de mariachi, que homenageia os espirítos daqueles que já se foram. Eles estão vivos e celebrando a vida conosco.

A versão de luxo do disco traz duas faixas bônus: Swallowed Up (In the Belly of the Whale), e American Land. A primeira emula a parábola bíblica de Jonas, aquele que foi engolido por uma baleia, e a segunda traz mais das alegres sonoridades celtas, encerrando o álbum com alto astral e promessas de um futuro auspicioso.





Para quem já conhece a poderosa voz do patrão, já deve ter captado tudo o que eu escrevi aqui. Quem ainda não conhece, recomendo escutar com atenção esse disco, de repente acompanhando as letras no site oficial. Vale cada segundo investido.