sábado, 10 de dezembro de 2011

Desafio

Outro dia escutei alguém falando que ouve todo tipo de música. Vocês já devem ter ouvido isso, se é que não falaram. Às vezes eu fico indignado, porque normalmente quem fala que ouve de tudo, só ouve mesmo aqueles poucos estilos que estão na grande mídia. Pop(tipo Gaga e Bieber), sertanejo(universitário???), forró(universitário???), axé e pagode. Às vezes um rock(???) do Jota Quest. Essas pessoas não se tocam que a gama musical é um tantinho mais extensa.

Por isso eu proponho um desafio. É o seguinte; Desafio você a assistir todos os vídeos abaixo e GOSTAR de todos eles.

Vamos começar com Radiohead e o videoclip da música Lotus Flower, do mais recente disco dos ingleses, King of the Limbs. Esse disco, como todos os do Radiohead foi elogiadíssimo pela crítica mundial. Apareceu nas listas de melhores do ano de revistas como a Rolling Stone e a New Musical Express. Há vários mash ups desse video com Tom Yorke dançando outras músicas. Até a vinheta de carnaval da rede Globo foi usada pra fazer o cara rebolar.



Breaking The Law é do disco British Steel, lançado pelo Judas Priest em 1980. Legítimo representante da New Wave Of British Heavy Metal, ou NWOBHM, para os íntimos. Reparem que usar calças coloridas não é exclusividade do nosso querido Restart.



Um pouco de Jazz. Esta música chama-se All Blues. É do disco Kind of Blue, de 1959. Com este disco Miles Davis criou uma forma totalmente nova de tocar Jazz. Fala-se que a música moderna deve tudo a este disco. Talvez seja exagero. Talvez não. O fato é que Miles foi um dos maiores gênios da música do século 20. Aprecie sem moderação.
 

A Nona Sinfonia de Beethoven foi concluída em 1824. A cena é do filme Minha Amada Imortal. No filme, Beethoven, interpretado por Gary Oldman, conta que suas obras musicais são tentativas de representar imagens com sons. Mesmo estando num estágio avançado de surdez, ele compôs um dos grandes ícones da cultura ocidental.



Já que falei de dois gênios internacionais, vou falar sobre um gênio brasileiro. Pixinguinha. Com sua banda, Os Oito Batutas, conquistou Paris, enquanto em sua terra natal, era malhado pela mídia da época. Diziam que sua música não era boa porque era muito americanizada. Seu choro tinha clara influência de Jazz. E de muitas coisas mais. Era um músico completo. Instrumentista, intérprete, compositor, maestro, arranjador. Para os europeus, Pixinguinha era músico erudito. Esta música, Carinhoso(aquela do Chambinho, o queijinho do coração), foi composta em 1917, com letra de João de Barro, e hoje, a despeito dos críticos musicais do início do século 20, é um dos símbolos da música brasileira.



Vamos falar dos extremos. A banda Napalm Death foi formada na Inglaterra em 1982, e é considerada a primeira banda de grindcore, estilo que mescla a fúria do Punk Rock com a técnica do Heavy Metal e a velocidade e os vocais guturais do Trash Metal. A música em questão chama-se Scum e foi lançada no disco de mesmo nome de 1987. Reparem no lirismo da letra.



Agora o outro extremo. Se você nunca ouviu essa música é porque devia estar em outro planeta desde 2002. A baiana Ivete Sangalo, depois de sair da Banda Eva e estabelecer uma bem sucedida carreira solo, lançou em 2003 um disco entitulado Clube Carnavalesco Inocentes em Progresso, cujo primeiro single foi esta música. Apesar de muita gente achar que seu nome é Poeira, na verdade é Sorte Grande. É provavelmente o maior sucesso da cantora até agora.



Este rapaz é o maior ídolo da música sertaneja universitária(???) no Brasil atualmente. É bem difícil passar incólume a suas músicas, já que elas tocam o tempo todo na TV, nas rádios, nos carros parados nos postos de gasolina. Apesar de Luan Santana olhar meio torto pro seu público, já conseguiu, com apenas um disco de estúdio e dois discos ao vivo(???), desbancar muito cantor mais velho, experiente e talentoso que ele.


Deixei pro final uma de minhas bandas favoritas, Sigur Rós. Eles são da Islândia, lá no norte da Europa, e definitivamente não tem uma sonoridade muito fácil. Muitos dos vocais são em falsete, em algumas músicas o guitarrista usa um arco de cello nas cordas da guitarra, as músicas têm um andamento em geral beeem lento. Em um de seus discos, chamado apenas de ( ), nenhuma música tem nome, todas são cantadas numa língua inventada pelo vocalista, e a mais curta dura pouco mais de seis minutos. Enfim, eu adoro eles. Qualquer dia eu faço um post dedicado exclusivamente a algum de seus discos. A música aqui em baixo chama-se Svefn-G-Englar, que significa Sonâmbulo em islandês, é do disco Ágætis Byrjun, de 1999.



Gostaram?
O objetivo deste post não é mostrar se uma música, um artista ou um gênero é bom ou ruim. Eu quis lembrar que a diversidade musical é muito maior do que aquilo que toca nas rádios FM e nos programas de televisão. Espero, sinceramente, que você tenha visto algo que não conhecia e passado a apreciar.

P.S. Na verdade o objetivo é fazer o pessoal pensar duas vezes antes de falar "eu ouço de tudo".

4 comentários:

walter sabino disse...

Eu realmente ouço de tudo, só que algumas coisas só por 2 ou 3 segundos, até conseguir mudar de faixa ou de rádio...
Walter Sabino

Daniel disse...

comigo acontece a mesma coisa...

Márlon Jatahy disse...

Belo texto e escolhas musicais Dan! Até alguns anos atrás eu me considerava um grande ignorante sobre música. Hj acho que sou um bom ignorante.
Fiquei bem curioso quando minha esposa comentou que conseguia identificar um tipo de padrão no meu gosto por música. Até hoje procuro entender melhor isso.
Parece que existe(li isso em algum lugar) certos padrões musicais(notas ou melodias ou harmonias) que acabam se tornando mais compatíveis com cada um. E que talvez isso fosse possível de ser descoberto. Sabe algo a respeito?

Daniel disse...

E aí Marlon, belê?
Que bom que está gostando. Seu blog http://www.sonhoslucidos.com/ foi uma grande motivação pra eu começar a escrever aqui.
Seu comentário faz bastante sentido, já que cada estilo musical tem seus próprios padrões rítmicos, melódicos e harmônicos. Se eu encontrar algum estudo sobre isso eu te repasso.